
Nem Tudo São Flores – Edição: 4
Essa é uma republicação de um artigo da MBF Agribusiness. antigo mas não obsoleto.
Fenômeno de florescimento da cana-de-açúcar, adiantado no Centro-Sul, reduz a produtividade e causa prejuízo aos agricultores.
As chuvas que atrasaram o início da moagem da safra 2008/2009 trazem agora um novo problema para as usinas e destilarias de açúcar e álcool. Por causa do excesso de chuva ocorrido no período indutivo, a floração da cana adiantou-se na região Centro-Sul do Brasil, o que prejudica a qualidade da matéria-prima, pois a sacarose utilizada no processo agroindustrial é consumida pela planta.
De coloração branco prateada, as flores, também chamadas de flechas, saem do último entre nó, são muito pequenas e formam espigas florais que se agrupam e exibem fibras sedosas, lembrando um pouco o trigo. Sendo uma planta monocotiledônea, que apresenta gametas femininos e masculinos na flor, permitindo a polinização através do vento, a cana-de-açúcar se reproduz facilmente e gera diversas variedades e híbridos, tendo características diferentes na floração.
Em geral, na região sudeste do Brasil, o estímulo para a formação da flor ocorre nos meses de fevereiro, março e abril, dando-se o florescimento em abril, maio e junho. O fenômeno é estimulado pelo período de exposição à luz e pela temperatura. Em média, os anos com florescimento apresentaram 18 noites, com temperatura mínima igual ou maior a 18o C e 21 dias, com temperatura máxima menor ou igual a 31o C. Nos anos sem florescimento, há 7 noites e 13 dias com estas temperaturas, respectivamente.
Durante o período seco, a sacarose vai se acumulando no colmo, mas com a umidade, a planta começa a se preparar para a reprodução, que é um processo que consome muita energia, drenando a sacarose, que seria utilizada no processo agroindustrial, para a preparação de flor e sementes. Com isso, a qualidade da matéria-prima é reduzida.
Aliado ao fenômeno da isoporização do colmo, que é a perda de água a partir da parte superior, deixando os tecidos internos com uma coloração branca, o florescimento torna-se ainda mais prejudicial, pois há uma redução na porcentagem de caldo, resultante do aumento do teor da fibra.
Sabe-se que os dois fenômenos podem acontecer separadamente em algumas variedades, mas eles estão relacionados, sendo que a isoporização se intensifica com o nascimento das flores.
É possível evitar o florescimento em seu período de indução, usando técnicas como a interrupção do período

escuro por iluminação artificial, passando por controle de temperatura, suspensão da irrigação, defoliação mecânica e pulverização de substâncias químicas. O controle hídrico e o uso de reguladores são os mais práticos.
A estimativa das perdas pode ser feita através da medição do índice de florescimento por metro quadrado. Há poucos estudos sobre o assunto, mas pesquisas realizadas apontam perdas de sacarose entre 3% e 8%. Já a perda de peso está em torno de 6,8%.
Para os produtores de açúcar e álcool, essa perda se traduz em uma menor quantidade de produtos finais, que pode vir a prejudicar o resultado final dos índices produtivos planejados e também de ganhos financeiros. Quanto menos produtos vendidos, menor é a receita.
“O florescimento da cana pode tornar a moagem inviável”, afirma Jair Pires, consultor agrícola da MBF Assessoria e Treinamento. Segundo ele, “caso essa cana não seja colhida rapidamente, as perdas poderão ser relevantes e elas são crescentes, podendo levar até a morte da cana”.
Por isso, é preciso estar atento ao canavial, a fim de poder agir prontamente. “É importante que o produtor avalie cuidadosamente esse processo e refaça a logística de colheita, visando minimizar as perdas, que podem chegar a 100%.”
Momento Visionário
“Dinheiro é apenas uma ferramenta. Ele irá levá-lo onde quiser, mais não vai substituí-lo como motorista.”
Ayn Rand

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