
Ferrugem Alaranjada: Doença que Preocupa os Produtores Brasileiros – Edição: 13
Essa é uma republicação de um artigo da MBF Agribusiness. antigo mas não obsoleto.
por Leandro Aurélio Rossini* Devido às várias matérias que circularam nas últimas semanas citando a ferrugem alaranjada como praga, seria interessante esclarecer que existe nos canaviais pragas e doenças e que elas não são a mesma coisa. Chamamos de doença quando a planta é atacada por algum microrganismo que pode ser uma bactéria, um vírus ou um fungo, como no caso da ferrugem alaranjada, que impossibilita a planta de desenvolver-se adequadamente. A ferrugem diminui a área fotossintética e vai interferir na produtividade da planta. Praga consiste numa população de organismos vivos nocivos e que estão em um ambiente no qual não são desejados por trazer prejuízos econômicos à atividade de produção, no caso, a cana-de-açúcar. Algumas populações de insetos que causam prejuízos: a broca, a cigarrinha, o sphenophorus, o migdolus, o cupim, entre outros. Vale lembrar que existe uma população imensa de insetos dentro do canavial que não são pragas e por isso, deveríamos preservá-los, pois são insetos considerados benéficos por predar ou parasitar pragas, ou seja, mantém a população dos insetos indesejados em equilíbrio. Um grande mal é feito quando se aplica no ambiente agrotóxicos de forma indiscriminada, pois mata-se tudo, causando desequilíbrios. A ferrugem alaranjada é uma doença que existe na Ásia e Austrália desde o século XIX. Ela foi encontrada em 2007 nos canaviais dos Estados Unidos e logo em seguida, se espalhou pelo México e por vários países da América Central. Agora, entre o final de dezembro de 2009 e início de 2010, chegou ao Brasil, sendo que o primeiro caso foi constatado em Araraquara – SP.
A principal forma de propagação do fungo é pelo vento. Estima se que os esporos do fungo podem dispersar até 600 km por semana. Daí a preocupação. Além da dispersão rápida, os esporos da ferrugem se grudam com facilidade nas roupas, no cabelo e nos objetos. Por isso, uma pessoa que visita uma propriedade infectada pode carregar a doença para outra área e assim acabar disseminando a ferrugem alaranjada. O fungo causador da doença chama-se Puccinia kuehnii e preocupa porque duas variedades amplamente plantadas pelas regiões canavieiras são a RB72454 e a SP891115 e estas são suscetíveis, além da dificuldade de diferenciar na folha a ferrugem alaranjada da ferrugem marrom.

Sobre a doença – Existem dois tipos de ferrugem que atacam a cana-de-açúcar. A ferrugem marrom, causada por Puccinia melanocephala e a ferrugem alaranjada causada por Puccinia kuehnii. A marrom chegou ao Brasil em 1986, oito anos após sua chegada a América Central, vinda da África por correntes aéreas. As espécies são distintas, mas uma característica é comum entre elas: os minúsculos esporos que se disseminam muito facilmente pelas correntes aéreas. Veja as diferenças entre as ferrugens da cana-de-açúcar.

Quando a ferrugem marrom chegou ao país, já se conhecia a reação de diversas variedades devido ao intercâmbio de material existente com campos do exterior. Porém, somente com a chegada de fato da doença em território nacional foi possível conhecer o efeito nas variedades e a substituição das suscetíveis foi realizada. Graças aos programas de melhoramento genético, a substituição foi feita com razoável velocidade e tranquilidade. O Brasil possui hoje, quase o triplo de área com cana do que possuía em 1986 e também muito mais variedades. Não se sabe o prejuízo que a doença causará, pois as variedades plantadas não estão mapeadas com precisão. A única maneira econômica de controle das ferrugens é o uso de variedades resistentes, é importante prevenir com uma boa diversidade de variedades nos canaviais. Em lavouras comerciais não é aconselhável que se tenha mais que 20% da área total com uma única variedade. Novas variedades são sempre bem-vindas para serem testadas e validadas quanto ao seu valor e risco. Multiplicar de forma criteriosa atendendo as normas recomendadas em programas de mudas sadias. Os que tiverem maior diversificação de variedades serão aqueles que menos sofrerão os impactos da nova doença.
* Leandro Aurélio Rossini é engenheiro agrônomo do departamento técnico e comercial da

Biocontrol Sistemas de Controle Biológico Ltda. (Sertãozinho/SP).
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