
Etanol Celulósico pode Reestruturar Setor mas Ainda Esbarra nos Custos – Edição: 34
Essa é uma republicação de um artigo da MBF Agribusiness. antigo mas não obsoleto.
Apesar do fechamento de usinas e da crise que assombra o segmento sucroenergético, os investidores estão apostando pesado no etanol de segunda geração feito a partir da biomassa da cana. A grande dificuldade por enquanto, ainda é o custo de produção, mas especialistas de mercado acreditam que o combustível poderá ser uma das alternativas para reestruturação do setor sucroenergético. São quase R$ 3 bilhões para projetos de etanol avançado, com apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em conjunto com o Plano de Apoio a Inovação Tecnológica Industrial dos Setores Sucroenergético e Sucroquímico (PAIIS) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) comprovam que a participação de fontes renováveis na demanda da matriz energética brasileira foi estimada em 42,4% em 2012, com 15,4% proveniente de cana-de-açúcar. Essa demanda para 2021 deve chegar a 21,2% e para suprir essa necessidade, a EPE estima que o setor precise produzir 1,1 bilhão de toneladas de cana.
Para o economista José Nilton Polo, apesar das vantagens de utilizar o subproduto da cana, com produção em 12 meses, o custo ainda é um grande empecilho. “Em relação ao etanol convencional, cujo custo de produção está em torno de R$ 1,11 por litro, o custo por litro do etanol 2G fica em R$ 1,73, com o dólar cotado a R$ 2,6623, da base de 30 de janeiro”, ressalta.
Mesmo diante dessas questões, o economista enxerga vantagens estratégicas para o setor sucroenergético a partir dessa tecnologia. “Hoje, as usinas trabalham por oito meses e interrompem a produção nas entressafras. A tecnologia do 2G permite extrair etanol de qualquer vegetal, outras

culturas, como o sorgo e o eucalipto, e podem ser processados durante as entressafras reduzindo seus custos fixos. Produzir etanol de forma eficiente será primordial para as usinas do setor sucroenergético se manterem competitivas. Mas se tudo correr bem com essa tecnologia, o Brasil estará perto de encontrar uma solução para o impasse que se encontra na área do etanol”, diz. Ele informa que há expectativa que os custos de processamento do etanol 2G caiam ainda mais até 2016, pois as empresas terão uma maior expertise na produção em escala. “Ainda deve-se observar que, o Capex irá diminuir com as segundas plantas que deverão entrar no mercado, com escala maior de produção”, revela.

Colocando na ponta do lápis, o custo de produção ainda é o grande problema para o avanço do etanol celulósico no país. Cálculos de uma fonte de mercado garantem que o investimento na construção de uma usina de etanol 2G (base 2,5 milhões de toneladas processadas) gira em torno de US$ 165,00 por tonelada, com rendimento entre 5 e 6 litros por tonelada de bagaço. Já no processo convencional do etanol de primeira geração, o custo está cerca de US$ 55 dólares por tonelada, com rendimento de 75 litros por tonelada. “Com o tempo esse custo se diluirá pois será produzido o ano todo, mas a o grande empecilho ainda é a questão do alto preço da enzima importada para extrair o etanol. Mas quando as usinas estiverem produzindo o etanol 2G em escala, as pequenas unidades que estiverem processando somente o etanol convencional, não terão margens suficientes para concorrer com aquelas que produzem por 12 meses diluindo seus custos fixos”, ressalta o economista José Nilton Polo.
Segundo ele, parece estar ocorrendo um ajuste de expectativas sobre os prazos de desenvolvimento do etanol celulósico pelo mundo e um desânimo em relação às perspectivas de curto e médio prazo. “O desenvolvimento das primeiras usinas tem demorado mais que o esperado, assim como a utilização das capacidades instaladas. O preço do barril do petróleo precisaria chegar a UU$ 140,00 para que o etanol de segunda geração pudesse ser economicamente viável, sem qualquer subsídio”.
Apesar das incertezas, as vantagens ainda são grandes em relação a outros combustíveis. Esse biocombustível, além de maximizar a produção, foi avaliado pelo Conselho de Qualidade do Ar da Califórnia (Carb), e considerado dez vezes mais “limpo” do que o etanol de cana convencional produzido no Brasil. Através de processos bioquímicos/biofísicos que degradam a celulose contida na biomassa, é possível obter etanol com as mesmas características do seu antecessor. Pesquisadores comprovam que essa tecnologia permite um aumento na produção de até 40% sem a necessidade de ampliar a área plantada com canavial.
Em três anos, essa questão de processo deverá ficar cinco vezes mais barata, segundo uma pesquisa orientada por José Geraldo Pradella do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE) de Campinas (SP). Ele testa o uso de fórmulas matemáticas capazes de otimizar a produção da fonte de energia, tornando-a mais atrativa economicamente. “Vamos aguardar e torcer para que os pesquisadores consigam superar os desafios”, finaliza Polo.
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“Dinheiro é apenas uma ferramenta. Ele irá levá-lo onde quiser, mais não vai substituí-lo como motorista.”
Ayn Rand

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