
Alto Endividamento e Problemas Operacionais Marcam Safra 2015/16 – Edição: 33
Essa é uma republicação de um artigo da MBF Agribusiness. antigo mas não obsoleto.
Dívida do setor sucroenergético supera R$ 60 bilhões

Canaviais sofrem com estiagem em 2014
A partir de 2008, o setor sucroenergético teve agravada uma crise operacional e financeira, que já era anunciada devido ao alto grau de endividamento das empresas, crise que se estendeu para toda cadeia produtiva. Em Sertãozinho, uma das cidades mais atingidas no interior de São Paulo, em três meses registrou cerca de 2,2 mil demissões, segundo levantamento do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). De acordo com pesquisa da MBF Agribusiness, de Sertãozinho (SP), até o momento 67 usinas encontram-se em recuperação judicial e as perspectivas ainda não são animadoras. Segundo a Unica (União da Indústria da Cana-de-Açúcar), desde 2008, cerca de 80 unidades já fecharam suas portas e em 2015, mais nove usinas poderão encerrar suas atividades devido a grave situação financeira. “A recuperação do setor será lenta. Carrega um alto endividamento e problemas operacionais sérios, como baixa produtividade agrícola e elevados custos por falta de investimentos na recuperação dos canaviais, dos equipamentos industriais e infraestrutura de apoio agrícola. Ainda não é possível prever com qualidade o que será da nova safra em relação à produtividade agrícola, mas tende a ser próxima ou menor que a safra que se encerra. Não houve o volume de investimento agrícola que se anuncia no mercado, até mesmo porque muitas empresas aguardam a liberação de recursos das linhas subsidiadas do BNDES. Há muito marketing sobre as linhas de crédito e pouca efetividade na distribuição dos valores”, revela Marcos Antonio Françóia, diretor da MBF Agribusiness. Ele lembra que a dívida do setor sucroenergético em 2014 atingiu R$ 60 bilhões e R$ 91,03/tonelada. Françóia explica que em 2015 o setor ainda poderá ter reflexos positivos nos preços, mas as condições do endividamento em relação ao tamanho e exigências, quanto a prazos e taxas, forçam as empresas a venderem antecipadamente a safra, não auferindo resultados com os preços melhores durante a temporada, resultados que acabam ficando para poucos. “Como estamos falando do setor como um todo e o volume de empresas endividadas é alto, ainda veremos uma boa fatia cambaleando durante o ano. Os juros estão subindo e as linhas de crédito, para um setor em descrédito, estão cada vez mais escassas”, admite. Jair Pires, diretor executivo da MBF Agribusiness, admite que os preços devem melhorar em 2015. “A queda do preço do Petróleo fará com que a gasolina se mantenha mais barata, fato que limita o etanol. Quanto ao açúcar, o preço deve subir e ajudar um pouco nas contas, porém, na média geral, muitas unidades ainda contabilizarão prejuízos”, afirma Pires.
A Única revela que ainda existem dúvidas sobre diversos elementos que influenciam o volume de cana disponível para 2015 no Centro-Sul e que a próxima safra terá dificuldades para retornar aos níveis de produção registrados em 2013/14, que somou um nível recorde de 597 milhões de toneladas.
Cenário econômico desafia reestruturação
Com o quadro econômico atual do setor sucroenergético, muitas empresas ainda podem recorrer aos artifícios legais para reestruturar o perfil de sua dívida e com isso ganhar fôlego até a retomada do mercado, com preços mais remuneradores. Mas qualquer atitude para alongar o endividamento atual é ineficaz se a empresa não tiver acesso às novas linhas de crédito, também de longo prazo e com juros adequados para o setor. A informação é de Marcos Antonio Françóia, diretor da MBF Agribusiness.

67 Usinas encontram-se em recuperação judicial
Ele explica que não há acesso às linhas de crédito e com a economia em baixa, a dificuldade para superar a crise continua. “A recuperação do setor passa por um programa amplo, que envolve as instituições financeiras, empresários e governo. As empresas precisam trabalhar com mais intensidade a questão de planejamento e organização, dando transparência a seus números e conquistando a credibilidade do mercado. Isso é possível através de um modelo de governança que além de permitir que a gestão flua com mais qualidade, também chame a atenção para novos sócios ou investidores, que poderão ser até mesmo os próprios credores atuais. Isso já está acontecendo com algumas empresas, onde parte da dívida virou capital”, diz.
Dados da MBF comprovam que entre as empresas em recuperação judicial, as unidades com dívidas de até R$ 100,00/tonelada representam 17,24% do total; com dívidas de até R$ 150,00/ tonelada, 17,24%; com dívidas de até R$ 250,00/ tonelada, 13,79%; com dívidas de até R$ 300,00/ tonelada, 10,34%; dívidas de até R$ 350,00/tonelada, 5,17% do total; dívidas de até R$ 400,00/tonelada, 5,17% e acima de R$ 400,00/toneladas, 12,07% delas.
Para ele, as instituições financeiras precisam se aproximar da área de gestão das empresas, flexibilizando os prazos e taxas da dívida atual. “Não basta dar prazo e reduzir a taxa, é preciso novo capital para recuperar a lavoura. Nessa questão entra a importância do governo, que tem que rever as políticas econômicas que afetam negativamente o setor e orquestrar a conversa entre as empresas e os bancos, criando possibilidades de reescalonamento da dívida, como foi feito em 1999 com o PESA (Programa Especial de Saneamento de Ativos)”, relata.
Françóia lembra ainda que o setor tem em seu acervo profissional pessoal qualidades técnicas e intelectuais que podem contribuir muito para um plano de recuperação econômica. “É preciso unir esse capital humano e estimular suas ideias. O setor precisa se conscientizar da importância da união da cadeia produtiva, e deixar de lado as vaidades e particularidades, para que tenha êxito nas suas reivindicações”, lembra.
Resultados positivos – Muitas empresas estão gerando resultados operacionais satisfatórios, mesmo com os preços praticados durante a safra. O balizador para essa situação é o perfil do endividamento da empresa como: prazos, taxas e garantias, de acordo com o diretor da MBF Agribusiness, ao enfatizar que o segredo dessas empresas foi planejar os investimentos feitos quando havia disponibilidade maior de capital, principalmente entre 2005 e 2007. “Hoje essas empresas passam credibilidade para as instituições financeiras em relação a sua capacidade de gestão, pois o investidor quer saber qual o tamanho do risco em relação ao capital investido e esse risco passa por avaliar o comportamento e conhecimento dos gestores. As mudanças estão sob duas óticas: de fora para dentro (políticas públicas e flexibilização de crédito) e de dentro para fora (reorganização empresarial e institucional)“, avalia Françóia.
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‘Se quiser viver uma vida feliz, amarre-se a uma meta, não às pessoas nem às coisas.
Albert Einstein

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