Mas afinal, o que é RenovaBio?

“O RenovaBio é uma política de Estado que objetiva traçar uma estratégia conjunta para reconhecer o papel estratégico de todos os tipos de biocombustíveis na matriz energética brasileira, tanto para a segurança energética quanto para mitigação de redução de emissões de gases causadores do efeito estufa. Diferentemente de medidas tradicionais, o RenovaBio não propõe a criação de imposto sobre carbono, subsídios, crédito presumido ou mandatos volumétricos de adição de biocombustíveis a combustíveis. ”  (Ministério de Minas e Energia|)

Sobre a importância do setor sucroenergético para a matriz energética brasileira

O setor ocupa posição de destaque na liderança do segmento de energias alternativas, com participação em aproximadamente 17,5% das fontes renováveis, que por sua vez participam em 43,5% da matriz energética nacional. Essa participação vem da produção de etanol e bioeletricidade. Com todas as dificuldades que o setor enfrenta, a geração de energia foi mantida, por ser uma fonte de renda complementar ao processo e pela ciência do setor referente à responsabilidade de manter a segurança energética do país.

Sobre a importância da bioeletricidade e do etanol para o suprimento da maior demanda por energia do país

O maior indicador histórico de participação do setor na matriz foi de 18,1% no ano de 2009. De lá para cá o fornecimento diminui por vários fatores, desde o fechamento de unidades até a baixa produtividade dos canaviais. Em paralelo, toda a economia regrediu. Quanto à tão esperada retomada, o setor precisa ser tratado com diferencial, apesar de outras fontes alternativas estarem ganhando forma e força, como solar e eólica, o setor já possui a competência e a visão necessária para se manter na dianteira do processo de composição da matriz energética. Com a economia melhor, maior será a demanda por energia, e nesse caso o setor também carecerá de políticas bem definidas em relação à garantia de preço mínimo.

 A retomada da cadeia sucroenergética

No meu entendimento, o setor ainda precisa de muitos ajustes para se considerar em fase de retomada. Ainda há uma grande fatia do setor bastante endividada e que não conseguirá se reerguer sem uma reestruturação econômica, com redução da dívida e taxa de juros. Em muitos casos, isso somente será possível através de Recuperação Judicial, que ainda não é uma segurança de resultados futuros positivos. Basta analisar a quantidade de casos de Recuperação Judicial que existe no setor e que vêm se arrastando, pois não há uma reação concreta nos preços a ponto de produzir as margens planejadas no processo.

O setor ainda passará por uma nova consolidação, pois grandes grupos, capazes de gerar resultados bons, apenas se reerguerão com uma grande flexibilização das instituições financeiras, que em muitos casos preferem ver a gestão coordenada por grupos economicamente mais consistentes.

Crescimento do setor

O setor, como um todo, ainda não está pronto. O setor de produção de açúcar, etanol e energia tem nuances específicas na sua produção e requer pessoas na gestão que tenham esse conhecimento do campo, passando pela indústria e chegando no mercado internacional, tanto nas questões comerciais como em operações financeiras estruturadas. O exemplo disso é a “dança das cadeiras” que temos visto nos últimos anos, onde profissionais de outros setores assumiram unidades e não conseguiram dar as respostas desejadas. O setor ainda tem empresas que não conhecem seus números, acreditem, isso é um fato. Por ser a MBF uma empresa que trabalha na reestruturação econômica e financeira e sua equipe estar no mercado há mais de 35 anos, temos inúmeros casos onde a mudança passa por implementar uma boa gestão de custos e orçamento (primeiramente desenvolver a cultura empresarial quanto a isso).Em seguida, ou até mesmo em paralelo, trabalhar a governança, tendo as pessoas certas nos lugares certos, independentemente de serem membros da família ou profissionais contratados, com regras de decisão e sucessórias bem definidas. Isso dará uma grande tranquilidade ao mercado financeiro. Mas o fato é que inúmeros gestores ainda relutam a fazer as mudanças necessárias.

Dificuldades e crise: o setor sai mais forte?

Acredito que sim, afinal todos nós, diante de uma situação difícil saímos renovados. Porém, manter a perseverança em busca de níveis melhores, na vida ou nos negócios, é o que definirá a continuidade e a prosperidade. Muitos, depois de resolvidos os problemas, por não se reorganizarem administrativamente, baixam a guarda e os problemas voltam. Isso tem feito com que o mercado financeiro, nesses processos de reestruturação exija um acompanhamento de consultorias especializadas no processo de gestão. Porém, até nisso ainda há falhas, com escolhas de profissionais convenientes aos seus interesses para cada processo e que na maioria dos casos não atribuem respostas efetivas.

Desafios

Em resumo digo que a palavra-chave para tudo isso é governança. Essa palavra cobre todas as outras, pois uma governança bem elaborada, realizada por acompanhamento de profissionais que tenham uma autoridade no setor, tratará dos assuntos de compliance, transparência, profissionalização e melhor gestão com êxito. O maior desafio é convencer quem está na alta administração que isso realmente deve ser feito e quase sempre o poder terá que ser diluído, sendo cobrado o resultado de cada um em cada área.

O RenovaBio e as demandas do setor sucroenergético

Atende demandas, principalmente na questão tão cobrada de ter uma política pública bem definida, incentivando investimentos e a geração de emprego.

Sobre as conquistas do RenovaBio

 Ainda são diretrizes que serão aprovadas: Criação de metas de participação dos combustíveis na matriz energética; Regras de comercialização lastreadas em emissões de gases de efeito estufa; Avaliações que permitam melhores resultados sócio econômico e ambiental.

Fonte: Marcos Françóia - Diretor Executivo MBF Agribusiness